17302154O politécnico Vahan Agopyan assumiu oficialmente a reitoria da USP nesta segunda-feira (29). Na cerimônia, ele deu como superada a crise de recursos da instituição, defendeu sua autonomia financeira e uma maior aproximação com a sociedade.

Agopyan deve ficar no cargo até o fim de 2021, e sucede Marco Antonio Zago, de quem foi vice-reitor nos últimos quatro anos.

Na cerimônia de posse, realizada no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, Agopyan exaltou as realizações de Zago, sobretudo na administração da crise financeira que atinge a universidade. Na campanha ao cargo, Agopyan e o novo vice-reitor, Antonio Carlos Hernandes, já haviam ressaltado que sem as ações de austeridade promovidas por Zago a USP corria o risco de perder a autonomia financeira.

“Esse é um modelo de sucesso, e mesmo quando ocorre um descontrole como aconteceu na USP recentemente, a autonomia permitiu sua superação, sem maiores traumas, em um prazo relativamente curto”, disse Agopyan em seu discurso.

O orçamento da USP, cerca de R$ 5 bilhões anuais, é oriundo de uma parcela fixa de 5% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) a cada ano. Unesp e Unicamp também gozam desse dispositivo, com percentuais menores.

Pelo menos desde 2014 a folha de pagamento compromete praticamente todos os recursos recebidos pelo governo paulista. No ano de 2017, o comprometimento com a folha salarial representou 96,41% dos R$ 4,6 bilhões recebidos pelo Tesouro estadual.

Apesar de alto, esse índice é o menor desde 2012, quando a situação da universidade ainda era confortável e suas poupanças, robustas. Essa poupança, que somava cerca de R$ 3 bilhões em 2013, foi para R$ 96 milhões em dezembro de 2017.

Para conter os gastos, a última gestão lançou mão de ações como planos de demissão voluntária e congelamento de contratações e obras. O HU (Hospital Universitário), por exemplo, teve de reduzir atendimentos por falta de profissionais.

Agopyan ressaltou que, apesar das dificuldades, a USP conseguiu manter parâmetros de qualidade de pesquisa e ensino. O novo reitor disse que a interação da universidade com a sociedade é imprescindível.

“Essa maior aproximação com os meio externos é importante para a rápida transferência dos conhecimentos para o público”, diz. “Assumimos a responsabilidade de manter a Universidade de São Paulo como uma universidade pública focada na excelência e cada vez mais diversa, inclusiva, interdisciplinar, internacional e comprometida com sua contínua inserção social”.

O novo reitor vai administrar uma universidade com 88 mil alunos, que responde por 22% da produção científica do Brasil. Mesmo com oscilações recentes em rankings internacionais de reputação em universidades, configura como a principal instituição de ensino superior e pesquisa do país.

Perfil
Agopyan é engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP, mestre em Engenharia Urbana e de Construções Civis pela mesma instituição e PhD pela Universidade de Londres King´s College.

Professor da universidade desde 1975, foi vice-diretor e diretor da Poli e diretor-presidente do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). Também foi pró-reitor de Pós Graduação da USP entre 2010 e 2014.

Hernandes foi pró-reitor de Graduação da última gestão e professor titular do Instituto de Física da USP de São Carlos, no interior do Estado.

Participaram da cerimônia de posse o governador Geraldo Alckmin, a secretaria executiva do MEC (Ministério da Educação), Maria Helena Guimarães de Castro, e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

Fonte: Folha de São Paulo

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